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Um 2º turno com sabor de plebiscito

  • 30 de Outubro de 2022

Hoje é um dos dias mais importantes da história do Brasil depois de 1985. Não se trata apenas de eleger um presidente, senão de escolher a forma de governo que queremos. A democracia tem uma contradição, é o único regime que permite sua própria negação. Foi por eleições livres que o nazismo dominou a Alemanha, o fascismo a Itália, o salazarismo Portugal, Getúlio o Brasil e Putin se instalou no poder há 22 anos na Rússia e pretende ficar até 2036. Golpes de estado também criam ditadores.

A ascensão de um ditador se faz pela demagogia populista com a repetição mil vezes de mentiras até elas se tornarem verdades, como pregava Joseph Goebbels, ministro de Hitler. Hoje os fake news são reproduzidos automaticamente milhões de vezes por robôs. Mesmo quando as plataformas que as divulgam são reprimidas pela justiça, eles continuam a ser viralizados nas redes sociais por seus fanáticos.

Para um ditador se manter no poder é muito fácil, ele tem a máquina, o orçamento do estado, a propaganda oficial, as forças de repressão e o poder discriminatório sobre governadores e prefeitos. Tem ainda o apoio de oligarcas corruptos, que pressionam seus empregados a votarem nele para legitimá-lo em eleições supostamente democráticas.

Quando um governante tem o poder executivo, a maioria do congresso e ameaça ampliar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal a seu favor, ele domina os três poderes e a nação cai no arbítrio de um só homem. Por isso, o dia de hoje não é um dia comum de eleição, é também um dia de plebiscito sob o regime de governo em que queremos viver: voltar a 1964 e a torturadores como Ustra ou construir um futuro igualitário para todos?

As principais instituições civis, lideranças comunitárias, economistas e juristas, independentes de partidos, têm manifestado a sua preocupação com a ruptura do regime democrático no país, neste momento de crise política e socioeconômica, e apelada para a responsabilidade do voto como uma escolha suprapartidária, entre a democracia e o autoritarismo.

Quase 32 milhões de eleitores ou 21% deixaram de votar no primeiro turno destas eleições, segundo o TSE, pela dificuldade de acesso, pelo congestionamento em algumas sessões, ou pelo medo de não saber votar em uma urna eletrônica e passar vergonha. A abstenção atingiu principalmente as camadas mais desfavorecidas da nossa sociedade. O voto é a única forma de se opor ao autoritarismo, às falsas promessas, à fome e ao desemprego resultante de um modelo econômico que privilegia o mercado e os mais ricos.  

Apesar da vitória da democracia no primeiro turno, a batalha não está ganha. Vamos votar cedo e levar outras pessoas que têm medo de votar ou acham que seu voto não tem importância.  Um voto pode definir uma eleição e é a principal forma de alguém se assumir cidadão.


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